IA e dados: o futuro do cuidado de precisão

A cada segundo, hospitais ao redor do mundo geram uma avalanche de dados clínicos. Transformar esse “tsunami de dados” em ações concretas para salvar vidas é um dos maiores desafios da saúde moderna. A Philips, em seu artigo “Managing the tsunami of data and adopting AI technology to create precision care”, publicado em 2 de junho de 2025, propõe uma solução: integrar inteligência artificial (IA) e dados para oferecer cuidados de precisão.

O que é cuidado de precisão e como a IA atua?

Cuidado de precisão vai além do tratamento padrão; é sobre oferecer a intervenção certa, no momento certo, para o paciente certo. A IA desempenha um papel crucial nesse processo, analisando vastas quantidades de dados para prever riscos, sugerir tratamentos personalizados e otimizar recursos.

Segundo especialistas reunidos pela Philips na HIMSS25, como Shez Partovi e Curt Langlotz, a combinação de dados holísticos e IA permite uma medicina mais proativa, antecipando doenças antes que se manifestem gravemente. Tim Zoph, da McKinsey, destaca que esse modelo disruptivo pode monitorar pacientes assintomáticos, identificando intervenções ideais em momentos críticos.

Exemplo prático: Cleveland Clinic e a sepse

A Cleveland Clinic, em Ohio, implementou algoritmos de IA para prever riscos de sepse em pacientes, uma condição que, se não tratada rapidamente, pode ser fatal. O sistema analisa dados em tempo real e envia alertas eletrônicos para equipes especializadas quando identifica sinais precoces da condição.

Essa abordagem resultou em intervenções mais rápidas, redução da mortalidade e diminuição do tempo de internação dos pacientes. Em 2022, a clínica ativou mais de 3.000 alertas de sepse em 12 locais diferentes, salvando aproximadamente 500 vidas adicionais em comparação com anos anteriores.

Impacto na saúde e nos pacientes

A integração de IA e dados trouxe benefícios significativos:

  • Diagnóstico precoce: A IA identifica sinais sutis que podem passar despercebidos, permitindo intervenções antes que a condição se agrave.
  • Tratamentos personalizados: Com base em dados individuais, a IA sugere terapias mais eficazes para cada paciente.
  • Eficiência operacional: A automação de processos reduz a carga de trabalho dos profissionais de saúde, permitindo foco no atendimento ao paciente.

Profissionais e pacientes: otimistas ou pessimistas?

O Future Health Index 2025 da Philips destaca que, embora 63% dos profissionais de saúde estejam otimistas quanto ao papel da IA na melhoria dos resultados dos pacientes, menos da metade dos pacientes compartilham desse otimismo, indicando uma lacuna de confiança que precisa ser abordada.

Segundo a Philips, dentre as preocupações dos pacientes estão: 1) segurança e eficácia: desejam garantias de que estas ferramentas de inteligência artificial sejam seguras; 2) perda do toque humano: temem a redução da empatia e personalização no atendimento; e 3) transparência e controle: aqueles pacientes mais bem informados sobre IA tendem a exigir mais informações sobre a tecnologia e a proteção de dados.

Desafios e limitações

Apesar dos avanços, a adoção da IA na saúde enfrenta obstáculos:

  • Integração de sistemas: Unificar diferentes fontes de dados e sistemas legados é complexo.
  • Capacitação profissional: É necessário treinar equipes para interpretar e agir com base nas análises da IA.
  • Confiança e ética: Garantir a transparência dos algoritmos e a privacidade dos dados dos pacientes é fundamental para a aceitação da tecnologia.

Tendências e próximos passos

O futuro aponta para uma maior personalização dos cuidados, com IA capaz de prever doenças e sugerir intervenções antes mesmo dos primeiros sintomas. A colaboração entre empresas de tecnologia, instituições de saúde e órgãos reguladores será essencial para superar desafios e garantir que os benefícios da IA sejam amplamente acessíveis.

Conclusão

A proposta da Philips de transformar o “tsunami de dados” em cuidados de precisão não é apenas uma visão futurista, mas uma realidade em construção. Exemplos como o da Cleveland Clinic demonstram o potencial da IA em salvar vidas e otimizar recursos. A pergunta que fica é: estamos prontos para confiar na IA como aliada na jornada do cuidado à saúde?

FAQ

1. O que é cuidado de precisão?
É uma abordagem médica que considera as características individuais de cada paciente para oferecer tratamentos personalizados e eficazes.

2. Como a IA contribui para o cuidado de precisão?
A IA analisa grandes volumes de dados para identificar padrões, prever riscos e sugerir intervenções específicas para cada paciente.

3. Quais os benefícios da IA na detecção de sepse?
Permite identificar sinais precoces da condição, possibilitando intervenções rápidas que reduzem a mortalidade e o tempo de internação.

4. Quais os principais desafios na adoção da IA na saúde?
Integração de sistemas, capacitação profissional, garantia de privacidade dos dados e construção de confiança nos algoritmos.

5. O que é necessário para implementar a IA nos cuidados de saúde?
Infraestrutura tecnológica adequada, treinamento das equipes, políticas de governança de dados e parcerias estratégicas entre setores.

Referências

  • Managing the tsunami of data and adopting AI technology to create precision care – Philips – Link
  • Cleveland Clinic implements ‘code sepsis’ protocol to rapidly assess and treat patients – Becker’s Hospital Review – Link
  • Philips Future Health Index 2025 report highlights significant trust gap in healthcare AI between clinicians and patients – Philips – Link
  • Transforming healthcare with AI: insights from the Future Heatlh Index 2025 – Philips – Link
  • Building trust in healthcare AI: five key insights from the 2025 Future Health Index – Philips – Link

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *