A inteligência artificial da NoHarm substitui médicos ou farmacêuticos?

Não. A NoHarm atua como uma camada adicional de segurança no processo de prescrição, funcionando como uma segunda checagem automática. Seu objetivo é alertar profissionais sobre riscos potenciais, como doses incorretas ou interações medicamentosas, mas a decisão final permanece com o médico ou o farmacêutico. A tecnologia não substitui o julgamento clínico — apenas o complementa com análises em tempo real.

Como o sistema identifica erros de medicação e riscos ao paciente?

A NoHarm utiliza técnicas avançadas de Processamento de Linguagem Natural (NLP) e redes neurais profundas para analisar prescrições médicas, exames laboratoriais e anotações clínicas em texto livre. Com isso, detecta riscos como overdose, duplicidade, posologia inadequada, interações medicamentosas e outros eventos adversos. A IA combina dados estruturados e não estruturados para garantir mais precisão na identificação de erros.

Como funciona o escore de risco da prescrição?

O sistema atribui um escore de risco de 0 a 3 para cada nova prescrição, com base na similaridade com os padrões históricos da própria instituição. Escore 0 indica posologia comum (verde); escore 3 indica posologia incomum ou potencialmente perigosa (vermelho). Isso ajuda a priorizar os casos críticos no painel do farmacêutico, otimizando o tempo de resposta e intervenção.

O que acontece quando a IA detecta uma prescrição de alto risco?

A prescrição com escore alto é destacada no painel do farmacêutico, que pode filtrar por setor, tipo de medicamento ou alterações laboratoriais. Se validado o risco (como uma dose inadequada para um paciente com insuficiência renal, por exemplo), o farmacêutico entra em contato com o médico para correção. A medicação só é liberada após essa revisão ou com a dispensa formal do alerta.

O paciente precisa autorizar o uso de seus dados pela NoHarm?

Sim. O uso da ferramenta está em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O consentimento do paciente é obtido por meio do termo de internação, e os dados são tratados com segurança, respeitando critérios de rastreabilidade, minimização e controle de acesso.

A tecnologia pode ser usada pelo SUS?

Sim. A NoHarm já opera em hospitais públicos e em unidades básicas de saúde, inclusive em regiões remotas como a Amazônia. O sistema é compatível com padrões como HL7/FHIR, o que facilita sua integração com sistemas públicos como o e-SUS AB. Sua expansão está sendo viabilizada por chamadas públicas e apoio institucional via programas como Juntos Pela Saúde (BNDES, IDIS, Umane).

Como a NoHarm trata dados não estruturados do prontuário eletrônico?

A ferramenta analisa campos de texto livre, como a evolução clínica, utilizando modelos de linguagem treinados especificamente em português clínico. Com isso, consegue identificar padrões sutis de risco, como sintomas descritos manualmente, reações adversas ou alterações clínicas que não aparecem em dados estruturados.

Quais resultados reais foram observados após a adoção da NoHarm?

Hospitais que adotaram a NoHarm relataram reduções drásticas na taxa de erro em prescrições. No Hospital Risoleta Tolentino Neves, por exemplo, os erros caíram de 13% para 0,3%, e o número de prescrições revisadas subiu de 0,6% para 49%. Outro estudo em Porto Alegre mostrou mais de 4.900 intervenções em um ano, com aceitação médica de quase 60% e economia significativa com ajustes terapêuticos.

Como hospitais e municípios podem aderir à NoHarm?

Municípios interessados em adotar a NoHarm APS (voltada para Atenção Primária) podem se inscrever por meio de chamadas públicas disponíveis no site oficial do projeto. A iniciativa conta com financiamento de entidades como o BNDES, IDIS e Umane, com foco na expansão para regiões do Norte e Nordeste do Brasil.

Timpani: a plataforma de IA que resolve a dor de cabeça da escala de enfermagem

Domingo, 18h. A escala da semana ainda não está fechada. Trocas de plantão, pedidos de folga, licenças inesperadas… tudo muda de última hora. Se você já viveu esse cenário, ou vive isso toda semana, sabe o quanto montar a escala de enfermagem pode ser uma tarefa estressante, demorada e cheia de imprevistos.

Agora imagine resolver tudo isso em menos de duas horas, com 98% das preferências da equipe atendidas e redução nas horas extras. Esse é o impacto real do Timpani, uma ferramenta de inteligência artificial (IA) adotada por mais de 40 hospitais da rede HCA Healthcare, nos Estados Unidos, a maior rede hospitalar do país.

Burnout na enfermagem: como a escala afeta a saúde mental dos profissionais

Carga de Trabalho e Esgotamento Profissional

O burnout é uma preocupação crescente entre os enfermeiros. Métodos de escala tradicionais, que não consideram preferências individuais, levam à insatisfação generalizada, burnout e alta rotatividade. Longos turnos e intensificação das cargas de trabalho comprometem tanto a qualidade no cuidado ao paciente, quanto ao cuidado à própria família do enfermeiro.

Em 2024, Garcia et al. publicou, na Revista Brasileira de Cancerologia, uma pesquisa com 110 profissionais do Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) da Bahia, para mapear a prevalência da Síndrome do Burnout nestes profissionais.

Dos profissionais entrevistados, 21,8% apresentavam a síndrome. Mas os três componentes que levam ao diagnóstico, Exaustão Emocional (EE), Despersonalização (DP) e Reduzida Realização Pessoal (RRP), foram medidos separadamente:

Dos 110 profissionais entrevistados **45,5%** apresentaram **exaustão emocional (EE)** em nível **moderado**; **67,3%** apresentaram um nível **alto de despersonalização (DP)**; e **51,8%** apresentaram um nível **alto em reduzida realização pessoal (RRP)** | Fonte: Garcia et al. (2024)

E, como se não bastasse, a Organização Mundial da Saúde (OMS) projeta um déficit de até 10 milhões de trabalhadores da saúde até 2030, sendo os enfermeiros uma das categorias mais afetadas.

Participação na escala de trabalho

Renggli et al. (2025) fez um estudo qualitativo, na Suiça, com enfermeiros, supervisores e trabalhadores temporários, que demonstrou que 85% dos profissionais destacaram a necessidade de maior participação na escala, especialmente em relação aos turnos de fim de semana. E 76% relatou preferir autonomia para trocar turnos, e autoescala, sistema que automatiza a criação das escalas de trabalho.

Transparência nas práticas de gestão

Gerenciar problemas do cotidiano, como ausências de última hora, são complexos de resolver e, muitas vezes, leva à métodos informais, que causam sentimento de falta de transparência e injustiça entre os profissionais.

Como a IA Timpani resolve a escala de enfermagem em minutos

O que é a Timpani?

Timpani é uma plataforma, criada e personalizada por colaboradores da HCA Healthcare, que otimiza a forma como as equipes de saúde trabalham e garante a combinação certa de níveis de experiência entre colegas durante os turnos.

Características e objetivos da Timpani

Automação e Otimização: gera escalas automaticamente e, baseado em milhares de dados, como preferências da equipe e competências, cria a melhor escala possível para a unidade;
Economia de Tempo: desde o seu lançamento, em 2023, economizou centenas de horas para os líderes de enfermagem;
Equidade e Transparência: o serviço busca equilíbrio e combinação apropriada de tempo de serviço dos enfermeiros, e atende 98% das solicitações de dias de folga;
Flexibilidade e Acesso Móvel: a plataforma é amigável, e possui o Timpani Mobile, na qual os enfermeiros inserem suas preferências, como pedidos de folga, e fazem mudanças na escala;

Como a Timpani foi desenvolvida

Para a criação e desenvolvimento da Timpani, a equipe de Transformação e Inovação Digital (DT&I) da HCA Healthcare ouviu os colaboradores de enfermagem sobre seus problemas e anseios. E, através desta colaboração e troca de informações, a ferramenta foi desenvolvida.

Dados de entrada são processados com base em preferências da equipe/funcionários, competências e proficiências, regras de agendamento, volume de pacientes e necessidade de pessoal. A partir destas informações, utiliza machine learning, aprendizado de máquina, para executar “milhões de cenários”, e criar a melhor escala possível para a unidade.

Benefícios de tecnologias como da Timpani

Reduz o tempo médio que líderes levam no planejamento da escala;
Otimiza e qualifica a escala com base nos dados processados pela inteligência artificial;
Melhora o bem-estar e satisfação da equipe de enfermagem;
Impacta diretamente na qualidade de atendimento ao paciente, uma vez que o profissional certo estará com o paciente certo, e na hora certa.

Dificuldades e limitações de tecnologias como da Timpani

O sistema atende a 98% das solicitações de dias de folga, ou seja, não atende integralmente, o que pode gerar alguma insatisfação;
Há uma preocupação com a confiabilidade em sistemas de IA e o risco de dependência total destas tecnologias;
A qualidade e a atualização dos dados são importantes, uma vez que são eles que levam às “decisões” por parte da IA;
Ao integrar IA na área da saúde, a perda do elemento humano é sempre discutido, uma vez que a enfermagem é uma profissão centrada na pessoa, construída sobre confiança, empatia e comunicação.

Conclusão

A inteligência artificial demonstra ser uma ferramenta poderosa, com grande potencial para otimizar processos, melhorar a eficiência e a satisfação da equipe, ao mesmo tempo que aprimora o cuidado ao paciente. Entretanto, deve ser implementada com cautela, priorizando o toque humano e o julgamento crítico dos profissionais de saúde.

❓ FAQ – Perguntas Frequentes sobre Escalas de Enfermagem e Inteligência Artificial

O que é a Timpani e como ela funciona na enfermagem?

A Timpani é uma plataforma de inteligência artificial desenvolvida pela HCA Healthcare para automatizar escalas de enfermagem. Ela considera preferências da equipe, competências e regras da unidade para gerar escalas otimizadas, reduzindo o tempo de planejamento e melhorando a satisfação dos profissionais.

Quais são os principais benefícios da Timpani para os hospitais?

Entre os principais benefícios estão a economia de tempo na montagem das escalas, redução de horas extras, aumento da satisfação da equipe, melhor distribuição de competências e impacto direto na qualidade do cuidado ao paciente.

A Timpani atende a todas as preferências da equipe de enfermagem?

A Timpani atende cerca de 98% das preferências registradas pelos enfermeiros, o que representa um alto nível de acurácia. No entanto, nem todas as solicitações podem ser atendidas, especialmente em casos de limitações operacionais.

Como a inteligência artificial pode reduzir o burnout entre enfermeiros?

Ao gerar escalas mais justas, com base nas preferências dos profissionais e no equilíbrio de carga horária, a IA contribui para reduzir o estresse, aumentar a autonomia dos enfermeiros e minimizar as causas relacionadas à síndrome de burnout.

Quais são os desafios e limitações da Timpani?

Entre os desafios estão a necessidade de dados constantemente atualizados, a confiança no sistema de IA, e a impossibilidade de atender 100% das preferências. Além disso, existe preocupação com a possível perda do fator humano na gestão da equipe.

📚 Referências

A seção Neural em Campo aborda a implementação da IA na saúde mundial. Ferramentas, regulações e assuntos pertinentes sobre a IA, são temas discutidos semanalmente. Acesse para se manter atualizado.

— 🧠 **Por Gustavo Giannella, para o Neural Saúde** Biomédico especialista em diagnóstico por imagem e inteligência artificial aplicada à saúde. Editor do portal NeuralSaude.com.br, dedicado a mapear e explicar como a IA está transformando a medicina no Brasil. 📩 Quer acompanhar as novidades? Siga o [Instagram @neuralsaude] ou visite o site [www.neuralsaude.com.br] —

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