✅ JÁ EM USO NO BRASIL
A ANVISA acaba de aprovar o SwiftMR™, um software de inteligência artificial projetado para acelerar exames de ressonância magnética (RM) em até 50%, mantendo — e até melhorando — a qualidade das imagens. Compatível com equipamentos de diferentes fabricantes e campos magnéticos, o SwiftMR atua no pós-processamento de imagens DICOM, e já começa a ser adotado por clínicas e hospitais no Brasil.
Com base em redes neurais avançadas como a U-Net e técnicas de aprendizado auto-supervisionado, a solução representa um salto tecnológico no diagnóstico por imagem — reduzindo filas, otimizando o uso dos equipamentos e melhorando a experiência do paciente.
SwiftMR
Principal função do SwiftMR
É uma solução de inteligência artificial stand-alone (autossuficiente), que atua no pós-processamento de imagens DICOM sem necessidade de softwares proprietários ou integração com o sinal bruto. Sua principal função é reduzir ruído e artefatos, além de recuperar detalhes anatômicos finos em exames de ressonância magnética já reconstruídos. Regulatoriamente madura, a solução conta com aprovações da Food And Drugs Administration (FDA), CE e ANVISA, o que atesta sua segurança e eficácia clínica.
Baseado em uma arquitetura 2D U-Net auto-supervisionada, o SwiftMR melhora significativamente a qualidade da imagem final e, com isso, permite a adoção de protocolos mais curtos — reduzindo o tempo de exame em scanners de qualquer fabricante, sem comprometer a qualidade diagnóstica. Por isso, é considerado um acelerador de protocolos de RM.
Como funciona a IA do SwiftMR
A inteligência artificial por trás do SwiftMR é construída sobre uma arquitetura de deep learning chamada 2D U-Net, amplamente adotada em tarefas de reconstrução e segmentação de imagens médicas devido à sua capacidade de preservar detalhes anatômicos finos.
Além disso, o SwiftMR incorpora uma técnica inspirada no método Noise2Noise, desenvolvido pela equipe de Jaakko Lehtinen em 2018. Essa abordagem inovadora permite treinar modelos de IA para remover ruído de imagens sem a necessidade de versões “limpas” — ou seja, utilizando apenas imagens ruidosas como base de aprendizado.
No entanto, os desenvolvedores do SwiftMR foram além do denoising (remoção de ruído) tradicional. Eles aprimoraram essa técnica para criar um modelo capaz de executar quatro funções simultaneamente:
- Remoção de ruído
- Aumento de resolução
- Correção de artefatos
- Ajuste de contraste
Tudo isso é feito diretamente em imagens DICOM já reconstruídas, sem acesso ao sinal bruto dos equipamentos (raw k-space).
O SwiftMR também adota um modelo vendor-neutral — ou seja, independe do fabricante do equipamento de ressonância magnética. Isso permite sua integração a qualquer fluxo clínico baseado em PACS/RIS, funcionando como um servidor de pós-processamento: recebe imagens via roteamento DICOM, processa localmente (em GPU) ou na nuvem, e devolve automaticamente a imagem aprimorada ao sistema original.
O resultado final é uma imagem de ressonância magnética com menos ruído, bordas mais nítidas e contraste otimizado, mantendo a fidelidade anatômica essencial para um diagnóstico confiável.

Resultados do SwiftMR
Em uma análise comparativa de 14 produtos de aceleração de protocolos de ressonância magnética, o SwiftMR foi classificado como uma das ferramentas de remoção de ruído com evidência clínica de moderada a alta (níveis 3–5). O estudo foi publicado em fevereiro de 2025, na European Radiology.
Na análise, buscou-se artigos validados, que atestassem o desempenho clínico das ferramentas envolvidas no estudo. E o SwiftMR demonstrou suporte científico significativo.
Em seu Linkedin, o AIRS Medical divulgou um estudo de caso envolvendo o Hospital Ortopédico, localizado em Feira de Santana (BA). O hospital enfrentava desafios comuns a muitas instituições que operam com equipamentos de ressonância magnética de baixo campo (0,35 T), como longos tempos de exame, filas de espera e baixa produtividade. E, para contornar essas limitações, a instituição adotou o SwiftMR.
Com sua implantação, o hospital reduziu o tempo médio de exame de 40 para 20 minutos, permitindo ampliar o número de pacientes atendidos por dia de 31 para 50. Além disso, a fila de agendamento caiu significativamente, passando de sete para apenas três dias.
A MXR Imaging, uma das maiores e mais antigas empresas especializadas em equipamentos e serviços de diagnóstico por imagem, dos Estados Unidos, também falou sobre o software em um post de seu blog. Nele, descreve como a clínica First Choice Imaging, em Utah, conseguiu aumentar em 50% o volume de exames de ressonância magnética, com o SwiftMR.
Segundo o post, antes, o tempo médio de cada exame era de 20 minutos, com agendamento realizado a cada 40 minutos. Depois, com o SwiftMR, cada exame foi reduzido para 10 minutos, e o agendamento passou a ser feito a cada 20. Isso resultou em 7 exames extras por dia, cerca de 2.555 exames adicionais por ano.
Aprovação do SwiftMR na Anvisa
O AIRS Medical, desenvolvedora do SwiftMR, é uma health-tech sul-coreana, fundada em 2018.
Submeteu o SwiftMR à aprovação da agência federal americana mediante “substantial equivalence”, e recebeu aprovação FDA 510(k) em outubro de 2021. Demonstrou equivalência com o dispositivo predicado, o SubtleMR, e a FDA concluiu que o SwiftMR é substancialmente equivalente em indicações, desempenho e segurança, sem trazer novos riscos. E em janeiro de 2024 anunciou que recebeu também marcação CE, que autoriza que o produto seja comercializado em todos os países do Espaço Econômico Europeu (EEE).
O SwiftMR foi registrado pela ANVISA como software médico Classe II. O registro e todos os anexos (manual, rotulagem, certificado de distribuição) podem ser consultados em Consultas – Agência Nacional de Vigilância Sanitária digitando o nº 80117581035 na busca de “Dispositivos Médicos: Produtos para Saúde”. No Brasil, sua implantação está sendo conduzida pela IOSEI – Participações em parceria com a MS Tecnologia, atendendo mais de 90 centros em 13 estados.
Potencial e desafios
Pode-se dizer que um dos grandes desafios do SwiftMR é a concorrência com equipamentos de tecnologia embarcada — como o Ge AIR Recon DL, Siemens Deep Resolve e Philips Compressed SENSE. Os fabricantes tem acesso aos dados raw (k-space), o que pode garantir maior performance técnica e menor complexidade de integração.
Por outro lado, tem grande potencial de adoção em contextos com menor capacidade de investimento, como clínicas e hospitais que utilizam equipamentos de ressonância mais antigos ou de baixo campo. Por ser compatível com diversas marcas e modelos, a solução permite padronizar a qualidade de imagem em instituições com múltiplos equipamentos, reduzindo custos operacionais e facilitando a incorporação da tecnologia sem necessidade de atualização de hardware.
📌 O que isso muda no Brasil?
Conforme já vimos, o SwiftMR se mostrou eficaz também para equipamentos de baixo campo, como o de Feira de Santana, na Bahia, de 0,35 T. E isso é corroborado por um whitepaper clínico que pode ser acessado no site da AIRS Medical, chamado SwiftMR™ Clinical Implications and Use Cases. Nele, foram avaliados 184 exames, das quais 12% são de equipamentos 0.25T. Embora o documento não apresente os resultados das imagens de 0.25T de forma isolada, ele afirma que:
- A solução teve desempenho superior ao padrão estipulado em todas as combinações de scanner (GE, Siemens, Philips, Esaote) e todos os campos magnéticos (0.25T, 1.5T, 3T);
- O modelo de reconstrução baseado em DICOM do SwiftMR permite sua aplicação independente do fabricante ou intensidade de campo, o que favorece seu uso em ambientes clínicos com infraestrutura mais simples.
E é justamente nisso que o Brasil pode se beneficiar. Locais mais remotos, ou com equipamentos de menor qualidade e baixo campo, podem tirar muitos benefícios desta tecnologia, através de melhora significativa das imagens, que já foi evidenciado por robustos artigos, e agilidade no serviço.
❓ FAQ
O que é o SwiftMR?
O SwiftMR™ é um software de inteligência artificial que reduz o tempo de exames de ressonância magnética em até 50%, aplicando redes neurais para melhorar a qualidade das imagens sem precisar de novos equipamentos.
Como o SwiftMR funciona?
A ferramenta usa algoritmos de deep learning (arquitetura U-Net) para remover ruídos, aumentar a resolução e corrigir artefatos em imagens DICOM já reconstruídas, sem acesso ao sinal bruto (k-space).
O SwiftMR é compatível com quais equipamentos?
É compatível com qualquer fabricante de ressonância magnética (GE, Siemens, Philips, Esaote), funcionando de forma vendor-neutral e integrando-se a sistemas PACS/RIS existentes.
Precisa trocar o equipamento de ressonância para usar o SwiftMR?
Não. O software funciona com máquinas já instaladas, inclusive de baixo campo magnético, sem necessidade de atualizações de hardware.
A instalação é complexa?
Não. A IOSEI, parceira oficial no Brasil, oferece instalação completa com gateway local ou via nuvem, além de treinamento e suporte técnico.
O SwiftMR tem aprovação da ANVISA?
Sim. Foi registrado como software médico Classe II pela ANVISA. Também possui aprovação FDA (EUA) e marcação CE (Europa), com base em evidências clínicas.
Quais são os benefícios para clínicas e pacientes?
- Não requer troca de hardware
- Redução no tempo de exame
- Aumento da capacidade diária de atendimento
- Menor desconforto para o paciente
- Imagens com maior nitidez e menos artefatos
📚 Referências
📘 Fontes acadêmicas e científicas
- Zhou, Z. et al. The scientific evidence of commercial AI products for MRI acceleration: a systematic review. European Radiology, vol. 33, pp. 3838–3849, 2023. DOI: 10.1007/s00330-025-11423-5. Acesso em: jul. 2025.
- Lehtinen, J. et al. Noise2Noise: Learning Image Restoration without Clean Data. arXiv:1803.04189 [cs.CV], 2018. Disponível em: https://arxiv.org/abs/1803.04189. Acesso em: jul. 2025.
- Yang, K.S. et al. SwiftMR™ Clinical Implications and Use Cases. AIRS Medical, 2024. Disponível em: AIRS Medical | Clinical Evidence on SwiftMR’s Effectiveness – AIRS Medical Inc.. Acesso em: jul. 2025.
🏛️ Fontes institucionais e regulatórias (ANVISA, FDA, CE)
- AIRS Medical. The significance of FDA 510(k) clearance for SwiftMR™. Publicado em: 11 jul. 2023. Acesso em: jul. 2025.
- AIRS Medical. SwiftMR™ receives CE Certification under EU Medical Device Regulation. AIRS Medical Inc., 2024. Acesso em: jul. 2025.
- FDA. 510(k) Premarket Notification – SwiftMR™. U.S. Food and Drug Administration. Disponível em: 510(k) Premarket Notification. Acesso em: jul. 2025.
- ANVISA. Consulta de Produtos para Saúde – SwiftMR™. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em: Consultas – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Acesso em: jul. 2025.
💼 Fontes comerciais e de aplicação prática
MXR Imaging. Smarter Scans for a Better Output: How AI is transforming MRI productivity. Disponível em: https://mxrimaging.com/Blogs/Smarter-Scans-for-a-Better-Output. Acesso em: jul. 2025.
IOSEI Blog. SwiftMR® agora oficialmente registrado pela ANVISA. 22 abr. 2025. Acesso em: jul. 2025.
IOSEI Blog. AIRS Medical Partners With IOSEI to Expand SwiftMR® in Brazil. 5 nov. 2024. Acesso em: jul. 2025.
AIRS Medical. Low-Field MRI Case Study: Boosting Efficiency with SwiftMR®. Acesso em: jul. 2025.
— 🧠 **Por Gustavo Giannella, para o Neural Saúde** Biomédico especialista em diagnóstico por imagem e inteligência artificial aplicada à saúde. Editor do portal NeuralSaude.com.br, dedicado a mapear e explicar como a IA está transformando a medicina no Brasil. 📩 Quer acompanhar as novidades? Siga o [Instagram @neural.saude] ou visite o site [www.neuralsaude.com.br] —Leia mais artigos da seção Neural Brasil, que trás aplicações reais de ferramentas de IA na saúde brasileira.