IA reduz erros na classificação de câncer de mama HER2-low e ultralow

Uma pesquisa apresentada no Congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) 2025 revelou que o uso de inteligência artificial (IA) pode melhorar significativamente a precisão na classificação de cânceres de mama com baixa expressão da proteína HER2. Essas categorias, conhecidas como HER2-low e HER2-ultralow, representam uma proporção considerável de casos e são elegíveis para terapias específicas, como o medicamento Enhertu (trastuzumabe deruxtecana).

Contexto e importância da classificação HER2

A proteína HER2 é um biomarcador crucial no câncer de mama, influenciando decisões terapêuticas. Tradicionalmente, os tumores eram classificados como HER2-positivos ou HER2-negativos. No entanto, estudos recentes identificaram subcategorias com baixa expressão de HER2, que podem se beneficiar de terapias direcionadas. A classificação precisa dessas subcategorias é essencial para garantir que os pacientes recebam o tratamento mais adequado.

Detalhes do estudo

O estudo envolveu 105 patologistas de 10 países, que participaram de um treinamento utilizando a plataforma online ComPath Academy, integrada com IA. Os participantes analisaram 20 amostras digitais de câncer de mama coradas por imuno-histoquímica (IHC) para HER2, em três etapas:

  1. Avaliação manual de cinco casos, seguida de uma palestra sobre pontuação de HER2.
  2. Avaliação manual de sete casos adicionais, seguida de discussão dos resultados.
  3. Avaliação de oito casos com assistência de IA.

Os resultados mostraram que a precisão na classificação das categorias clínicas de HER2 (nulo, ultralow, low e positivo) aumentou de 90% sem IA para 95% com IA. A concordância entre os patologistas também melhorou significativamente, de 0,494 para 0,732.

Impacto clínico

A utilização da IA reduziu em 24% a taxa de classificação incorreta de casos HER2-low e HER2-ultralow como HER2-nulo. Essa melhoria na precisão diagnóstica pode ampliar o acesso de pacientes a terapias direcionadas, como o Enhertu, que demonstrou eficácia em casos com baixa expressão de HER2.

A Dra. Marina De Brot, do A.C. Camargo Cancer Center em São Paulo, Brasil, e principal autora do estudo, destacou que a IA pode ser uma ferramenta valiosa para aprimorar o treinamento de patologistas e reduzir discrepâncias diagnósticas. Ela também mencionou planos para estudos multicêntricos que avaliem a implementação da IA na prática clínica e seus efeitos nos desfechos dos pacientes.

Conclusão

A integração de inteligência artificial no processo de diagnóstico do câncer de mama pode representar um avanço significativo na medicina personalizada, garantindo que mais pacientes recebam tratamentos adequados com base em classificações precisas de biomarcadores.

Recentemente fizemos uma matéria especial sobre outra ferramenta de IA que já está sendo utilizada em mais de 40 países, com resultados excelentes. Se quiser conhecer, clique aqui.


Fonte: Ehlers, J. (31 de maio de 2025). “AI Can Reduce Misclassification of HER2-Low and HER2-Ultralow Breast Cancers”. Cancer Therapy Advisor. Acesso em 1 de junho de 2025, de https://www.cancertherapyadvisor.com/reports/ai-misclassification-her2-low-her2-ultralow-breast-cancers/

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