IA na gestão crônica: Omada prioriza empatia e evidência clínica

A Omada Health, startup de cuidados crônicos que abriu capital recentemente com valuation de US$ 1,1 bilhão, está adotando uma estratégia cautelosa em relação à inteligência artificial no atendimento ao paciente. Ao contrário de concorrentes que buscam automatizar completamente o cuidado — como Hinge Health e Sword Health — a Omada mantém a premissa de que IA deve apoiar, e não substituir, equipes de saúde.

O CEO Sean Duffy ressalta que “ainda não encontrei alguém que preste conta ao ChatGPT”, destacando a importância da empatia e da responsabilização humana no cuidado clínico . Segundo ele, a IA sem supervisão humana representa risco de desumanização, sendo melhor configurada como ferramenta auxiliar aos cuidadores.

IA “nos bastidores” com lançamento controlado de funcionalidades

A empresa já utilizava IA em sistemas internos para priorizar conteúdo educativo relevante para cada paciente. Apenas em maio, lançou seu primeiro agente de IA voltado ao consumidor, focado em nutrição — claramente identificado como não sendo um profissional humano. O novo assistente, batizado de OmadaSpark, auxilia no registro de refeições e orientações alimentares, partindo da filosofia nutricional “anti-regime” incorporada pela empresa.

Evidência científica como base decisória

A Omada publica dados em 30 artigos científicos revisados por pares, demonstrando seu compromisso com a validação clínica da IA aplicada em saúde. O VP de Inovação Clínica, Dr. Justin Wu, afirma que modelos de IA só foram liberados ao público após significativas melhorias e ajustados com dados clínicos próprios .

Cautela frente ao boom dos medicamentos GLP‑1

Apesar do mercado aquecido por medicamentos como Ozempic e Wegovy, a Omada decidiu não prescrever GLP‑1 diretamente, mantendo a atuação como complemento ao cuidado primário. Como explica Duffy, “queremos que os médicos de atenção primária continuem responsáveis pela prescrição”; a empresa não descarta mudar de postura caso haja demanda consistente dos pacientes.

IPO robusto em meio à retomada do mercado de saúde digital

A oferta pública inicial da Omada ocorreu em 6 de junho de 2025, com preço de US$ 19, mas as ações subiram 21%, estreando a US$ 23 e posteriormente alcançando cerca de US$ 28 na Nasdaq. Com isso, a empresa levantou aproximadamente US$ 150 milhões e atingiu valor de mercado de US$ 1,28 bilhão.

A forte performance de IPO da Hinge Health contribuiu para impulsionar a confiança em novas empresas de saúde digital. No total, 142 IPOs foram realizados até 6 de junho, um aumento de 82% sobre o mesmo período em 2024.

Estratégia equilibrada e centrada no paciente

Em contraponto à tendência de maximizar eficiência com IA, a Omada adota integração gradual de tecnologia com foco no resultado clínico e suporte qualitativo. A estratégia privilegia a criação de sistemas que combinem tecnologia e supervisão humana, evitando a armadilha de buscar inovação a qualquer custo. Essa postura ética e baseada em evidências permeia tanto a introdução de IA no app quanto sua recusa consciente às pressões de mercado por automação acelerada.


Crédito

Fonte: Business Insider – “Why Omada Health is resisting an AI takeover after its IPO” (11 de junho de 2025)
Complemento: Reuters – “Omada valued at $1.3 billion as shares jump in Nasdaq debut” (6 de junho de 2025)

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